- Diante da exposição do articulista, qualquer cidadão tem condições de entender os bastidores da referida "Proposta” e concluir, que há nela consequências reais severas, para a maior do povo brasileiro, em especial, os já mais pobres.
- Todavia, milhões de brasileiros incautos, como que anestesiados, seguem através das Redes Socais, a pilheriar, ou, inflamados semeiam ódio, sem se aperceber que o Brasil, corre risco iminente de estagnação econômica.
- Leia com atenção esse artigo e você mesmo concluirá quais as reais condições econômicas financeiras do Brasil, e o que contém de nocivo para povo brasileiro nos porões da "Nova Reforma da Previdência".
- Como dizia meu amado e saudoso esposo: "A correia sempre sai do povo".
Grata Conceição Cinti
- E a informação isenta é a melhor Prevenção.
Se existe algo no Brasil que revela o tamanho da força do verdadeiro Quarto Poder, o financeiro (a mídia é um dos seus braços, posto que aparato de reprodução), esse algo se chama “nova previdência”.
Que fique
bem claro: a reforma é necessária por mil motivos, mas não se esperava um
desenho tão gritantemente financista e agressivo contra os 99% da população
atingidos por ela (de forma direta ou indireta). Precisamos do mundo financeiro
assim como da reforma da previdência. O que não necessitamos mais é de
injustiças!
Estudo
publicado pelos cientistas políticos Martin Gilens (Princeton University) e
Benjamin Page (Northwestern University) (ver Dani Rodrik, Valor Econômico
11/9/14) revela que a velocíssima ampliação da desigualdade em todo planeta inflige
dois golpes contra a democracia: (i) é cada vez mais intensa a exclusão das
classes média e trabalhadoras; (ii) ela fomenta, nas elites do poder, uma
política venenosa de sectarismo, fundamentalismo e autoritarismo.
Em regra,
as preferências do eleitor médio coincidem com as das elites financeiras do
poder. Sua relevância, no entanto, cai a níveis insignificantes quando seus
interesses se chocam com os das elites dirigentes. Isso está presente na
reforma da previdência.
A
verdadeira elite do poder é composta de 1%. Tudo o mais, incluindo as
corporações organizadas dos sindicatos e servidores públicos, soma 99%.
Em
princípio, como se vê, a nova previdência do Bolsonaro-Guedes aparenta ser um
jogo de cartas marcadas. Vamos ver o que vai ocorrer no Parlamento. As elites
financeiras garantiriam apoio político para fazer passar o rolo compressor que
apresentaram.
Mas como
se sustentariam politicamente os apoiadores “de porteira fechada” das duras
propostas divulgadas? O que Bolsonaro e todos os apoiadores incondicionais da
reforma explicariam para seus eleitores? Não seria uma morte eleitoral
privilegiar os interesses do capitalismo financeiro em detrimento dos
interesses das classes (i) média, (ii) precarizadas e (iii) excluídas, estas
compostas pelos pobres, miseráveis e abandonados?
Dani
Rodrik explica o seguinte: quando os políticos abraçam incondicionalmente os
interesses das elites financeiras e econômicas do poder, em prejuízo da grande
maioria dos seus eleitores, ou seja, quando traem descaradamente seus
eleitores, prejudicando-os, eles injetam prontamente na veia do povo os ópios
do nacionalismo, do sectarismo, da identidade fundada em valores e simbolismos
culturais, da religião, da moralidade e dos moralismos, do fundamentalismo, das
envelhecidas ideologias, da rediscussão dos valores familiares, do pensamento
não inclusivo, do ataque às minorias, dos preconceitos, do marxismo, do
socialismo, das tradições ingenuamente idealizadas e por aí vai.
As
disputas políticas “travadas nesse terreno, são vencidas por aqueles que melhor
estimulam nossos genes culturais e psicológicos latentes [nossos medos, nossas
apreensões, nossos desejos primitivos], não por aqueles que melhor representam
nossos interesses” (Dani Rodrik, citado).
Todos os
nossos sentimentos de ódio, sectaristas, tribais, polarizados, “obscurecem as
privações [e perdas] materiais inerentes aos explorados que as vivenciam em seu
cotidiano”. Eles nos fazem esquecer das desigualdades, das iniquidades, das
injustiças assim como dos privilégios odiosos das elites dominantes. Pior:
inflamam paixões contras as minorias, contra os adversários, criando um clima de
guerra de todos contra todos.
Para
regimes que representam as elites financeiras e econômicas (frequentemente,
corruptos até a medula), “é uma manobra que compensa generosamente nas urnas”
(conclui o articulista).
A reforma
da previdência evidencia, com todas as suas injustiças (que podem ser
corrigidas pelo Parlamento), tanto a submissão incondicional dos seus
proponentes às diretrizes do setor mais cruel do capitalismo financeiro, como a
necessidade de produzir diariamente uma quantidade hiperbólica de ópios para
obscurecer as mentes dos que vão pagar a conta, muitas vezes com as próprias
vidas. Haja ópios!
Quer saber mais?
A divisão
da sociedade em classes (privilegiadas e precarizadas) não é assunto novo, mas
nunca deixou de ser muito complexo. Descrever a velha luta entre elas é mais
complicado ainda. O que se sabe é que um dia as elites proprietárias,
empresariais e financeiras enquadraram o rei João Sem Terra da Inglaterra e aí
dividiram o poder (em 1215).
Depois,
no século XVII, fizeram outra revolução (a gloriosa), mataram um rei (Carlos I)
e deram mais protagonismo ao Parlamento. Em 1789, na França, cortaram o pescoço
do rei (Luís XVI) e da rainha (Maria Antonieta) e a nova classe endinheirada na
época assumiu o poder.
A reforma
da previdência (uma das necessidades prementes do país em 2019) recolocou o
tema da divisão de classes em pauta. A questão central é quem vai arcar com os
custos da nova previdência. E quem vai ganhar com ela.
Protagonismo
marcante será exercido nessa luta pelos servidores organizados, destacando-se
dentre eles os de classe média, que normalmente está alinhada com as elites
financistas do poder. Contra elas, agora, está em guerra reativa.
Recorde-se
que, no mundo todo, nos últimos 40 anos, diante da brutal concentração de riqueza
gerada pelo capitalismo financeiro e tecnológico, a classe média perdeu poder,
dinheiro e status. Nos EUA perderam suas casas (mais de 9 milhões de pessoas).
A onda de destruição também da classe média, que explodiu nos EUA e na Europa,
está chegando ao Brasil.
Pela
amplitude e intensidade da proposta de reforma da previdência, está
estabelecida uma superlativa luta entre as “elites financistas do poder”
(grupos dominantes e governantes) e as classes direta ou indiretamente
afetadas.
Levando
em conta não apenas a riqueza econômica ou a renda (o capital econômico),
senão, sobretudo, o que cada classe representa de verdade nas relações de
dominação e submissão, penso que hoje poderíamos distinguir as seguintes
(cinco) classes:
(i) no
topo está o verdadeiro Quarto Poder (a mídia é apenas um dos seus aparatos de
reprodução), composto pelas elites que realmente dirigem a nação em cada
momento histórico, posto que contam com efetiva influência nas decisões do
país, na divisão do seu orçamento, dos seus gastos, das políticas públicas etc.
As elites
econômicas e financeiras (grandes grupos, grandes corporações), que dominam
também o poder político, desempenham sobranceiramente o papel de liderança no
poder, compartilhando-o, em certos momentos, por exemplo, com militares (caso
do governo Bolsonaro) ou com sindicalistas (caso do governo Lula).
Por meio
do financiamento de campanhas eleitorais, o Quarto Poder manda normalmente no
Executivo e no Legislativo e ainda influencia as cúpulas do Judiciário.
A
dominação (a reprodução de privilégios) de um poder sobre os outros só se
mantém quando o comando se estende a grandes setores da mídia, aos
intelectuais, às escolas, às religiões, aos partidos e por aí vai.
A sombra
nascente do Quarto Poder é o Quinto Poder, composto pelas redes sociais; mas
quem manda mesmo, por ora, é o verdadeiro Quarto Poder, que é muito organizado.
É ele que ocupa o ponto alto do domínio da nação; é ele que está propondo a
reforma da previdência (a sétima, depois de 1988);
(ii)
abaixo dele (que tem acesso privilegiado ao poder político) estão os grandes
proprietários, que contam com capital econômico e cultural, mas não possuem o
capital social político (não participam das decisões políticas do país); esses
dois primeiros grupos não representam mais que 1% da população; o alinhamento
político e ideológico entre eles é quase que absoluto;
(iii)
depois vem a real classe média, que tem sua base prioritária no capital
cultural; sua característica central consiste na possibilidade de proporcionar
estudo de qualidade para seus filhos sem a necessidade de que trabalhem
concomitantemente; as três primeiras classes juntas não chegam, muito
provavelmente, a 10% da população;
(iv)
abaixo da classe média estão os grupos precarizados, que são trabalhadores,
servidores e empreendedores com trabalhos ou atividades precários, com nenhuma
ou pouca garantia, com riscos contínuos de perda de status, salários e estima
social; milhões desses precarizados acham-se desempregados (cerca de 27
milhões, contando os que podem trabalhar e não acham vagas) ou exercem
atividades informais; são os que contam com alto risco de rebaixamento,
sobretudo nesses tempos de recessão econômica e relações empregatícias fluidas
(“líquidas”); mais de 100 milhões de pessoas se enquadram nesse patamar;
(v) por
último temos os excluídos ou abandonados, que apenas sobrevivem, que lutam pelo
prato de comida do dia; são os miseráveis, os esfomeados, os irrelevantes, os
jogados à própria sorte, os jovens que não estudam nem trabalham (23% dos
jovens), sem perspectivas de futuro e por aí segue (mais de 60 milhões de
pessoas se acham nessa angustiante situação de carência e subcidadania).
A
profunda reforma da previdência só não afeta as elites do poder e os grandes
proprietários (menos de 1% da população), que não dependem de pensões ou
aposentadorias ou assistência social. Todas as demais classes (99%) serão
atingidas por ela de forma direta ou indireta (de maneiras diferentes, mas
nenhuma escapa). É a guerra das elites financistas do poder (menos de 1%) contra
o restante da população (99%).
Os
números impressionam (1% contra 99%), mas os choques frontais de classes
colocarão em polos opostos as elites financistas do poder, de um lado, e,
sobretudo, as corporações organizadas dos sindicatos, das associações de
servidores públicos e da classe média, de outro.
Elas
contam com “alto poder de fogo”, tanto dentro do Parlamento quanto dentro do
Judiciário.
A guerra
vai ganhar força desde logo no Legislativo (onde a base do governo ainda se
encontra muito desorganizada), mas com certeza vai ter também as etapas da
judicialização (muitas normas seriam inconstitucionais).
Desde a
Constituição de 88 já tivemos seis reformas da previdência, nos três regimes:
Geral, Próprio e Complementar (EC 3/93, 20/98, 41/03, 47/05, 70/12 e 88/15).
Mas nenhuma veio com tanta munição financista quanto a atual.
A
proposta constitui um cavalar freio de arrumação. Resta saber qual será a
intensidade da reação, que já começou. É luta de “gente grande”. Que o Brasil
neste século 21 consiga sair vivo desta guerra, que tem como pano de fundo
tanto a falência do país como a estagnação da economia.
LUIZ FLÁVIO GOMES, professor, jurista e Deputado Federal –
PSB/SP.
https://www.professorluizflaviogomes.com.br/nova-previdencia-como-o-capitalismo-financeiro-manda-em-tudo/?fbclid=IwAR0u0jUDun9sZwWWAM76EI4D47214x6cgRbrvYYYtOAOC5F-sohmxx4Dv4o
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