segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Comoção Operante


*Conceição Cinti

 

A acolhida da Rede Globo ao ex-jogador e hoje comentarista Walter Casagrande me fez lembrar a corajosa e humanista posição da direção do Clube “Boca Juniors” e do povo argentino com renomado craque Diego Maradona.

Merecida? Sem dúvida! Todo ser humano merece a chance de se Reabilitar.

Estender a mão a alguém no ápice da fama é a praxe, mas confiar a Seleção Argentina , a alguém que se encontrava tão fragilizada é mais que um exemplo de nobreza de um povo e uma lição que precisa ser repensada e incorporada por todos. O exemplo da Argentina sem dúvidas teve impacto entre nós quando a respeitável Rede Globo numa atitude semelhante de grandeza e solidariedade acolheu nosso ex-jogador do Corinthians Casagrande.

Maradona tem buscado manter a superação a todo custo. Não têm sido diferente os esforços de Walter Casagrande que se tornou inclusive palestrante junto às famílias e jovens sobre os danos e as tragédias provocadas pela dependência química principalmente nesse momento em que o país está epidêmico pela cocaína e o crack.

Considero a recaída um dos fatos mais temidos e mais frequentes no caso da cocaína e do crack, apesar de entender que a recaída faz parte do processo de restauração de um dependente em SPA. Mas é certo que os cuidados com as mudanças de hábitos e até de turma é um dos melhores antidotos e não podem ser negligenciados. A compulsão pela cocaína e o crack é uma das mais violentas e é preciso estar atento para se livrar das armadilhas.

Repito com frequência porque é uma verdade que precisa ser mais difundida que o Brasil tem Know How em tratamento em SPA, trabalho iniciado desde 1967 pelas Comunidades Terapêuticas. Ao longo dos anos o Terceiro Setor tem sido o maior responsável pelo acolhimento e tratamento desse segmento pela ausência do Estado que não acredita em restauração de pessoas.

De forma que esse trabalho com os dependentes em SPA tem sido tocado no varejo, e apesar de está alcançando excelente resultados porque vem sendo realizado por pessoas vocacionadas e que tem um grande respeito pelo próximo, mas não é suficiente para epidemia que o Brasil está enfrentando e o Poder Público tem que assumir sua responsabilidade junto a sociedade.

As empresas de um modo geral vêm aderindo cada vez mais e esse trabalho e esse fato é bom para todos: para o dependente que precisa de ajuda e para empresa que não perde seus investimentos nos funcionários recuperando e reintegrando os novamente ao mercado de trabalho.

Quem não puder ajudar não atire a primeira pedra!

*Conceição Cinti. Advogada. Educadora. Especialista em Tratamento de Dependente de Substâncias Psicoativas, com experiência de mais de três décadas. Colunista do www.institutoavantebrasil.com.br

 

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