LUIZ FLÁVIO GOMES (@professorLFG)*
As prisões de algumas capitais brasileiras são
“nefastas” e “odiosas”. Quem disse isso? O emérito professor baiano Lemos
Brito. Quando? 1924. Onde? No livro Os sistemas penitenciários no Brasil.
A reportagem da revista “The Economist” (de
22.09.12) faz duras críticas aos presídios na América Latina por estarem longe
de ser um lugar seguro para reabilitação, classificando-os de “jornada para
o inferno” em países como Brasil, Venezuela, México, Honduras e Chile.
“Os prisioneiros não só são submetidos a tratamentos
brutais frequentes em condições de miséria e superlotação extraordinária, e
muitas cadeias são administradas por grupos criminosos”, diz a publicação.
Ao falar da situação do Brasil, a reportagem cita o
presídio Romeu Gonçalves de Abrantes, em João Pessoa (PB), denunciado no final
de agosto pelo Conselho Estadual de Direitos Humanos. O órgão visitou o
presídio e encontrou um cenário de horror: um amontoado de 80 homens nus
dividindo espaço numa cela com fezes flutuando em poças de água e urina. O Ministério
Público, Polícia Federal e o governo estadual apuram as denúncias de maus
tratos aos presos. Situações como essa, segundo a “Economist”, resultam
num surto de massacres em prisões e incêndios provocados deliberadamente.
Assim como em Honduras, quase a metade dos presos no Brasil não teve sua sentença dada pela Justiça. Em outros casos, o jornal cita que “a situação no Brasil é tão caótica que alguns presos não são libertados nem quando terminam de cumprir sua pena”. “É por isso que as prisões são chamadas de escolas de bandidos”, disse Migdonia Ayestas, do Observatório Nacional da Violência, uma ONG de Honduras. Fonte: <http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=28315>, 25 set. 2012. Acesso em: 25 set. 2012.
Assim como em Honduras, quase a metade dos presos no Brasil não teve sua sentença dada pela Justiça. Em outros casos, o jornal cita que “a situação no Brasil é tão caótica que alguns presos não são libertados nem quando terminam de cumprir sua pena”. “É por isso que as prisões são chamadas de escolas de bandidos”, disse Migdonia Ayestas, do Observatório Nacional da Violência, uma ONG de Honduras. Fonte: <http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=28315>, 25 set. 2012. Acesso em: 25 set. 2012.
O que a reportagem da revista The Economist
constatou na América Latina em 22.09.12 já era denunciado desde o princípio do
século passado (e até mesmo antes, de acordo com relatos de Foucault).
Logo, nós do mundo jurídico temos que entender que
o inferno dos presídios (e da criminalidade generalizada, que nunca diminui)
não é uma questão jurídica, sim, política. A pena é política (já dizia Tobias
Barreto). Faz parte da política do Estado, que é regida sempre por um
determinado modelo econômico (escravagista, etnicista e racista, no caso
brasileiro).
Não temos que alterar mais nada (ou praticamente
mais nada) no mundo das leis. A questão não é legal, sim, repita-se, política.
Temos que procurar alterar a política do Estado o que significa alterar a
política econômica (que manda no Estado ou que faz parte da oligarquia que
manda no país que é composta pelo Estado, poder econômico e alguns políticos).
O culpado por tanta tragédia (mortes anunciadas)
não é só o Estado. É preciso ir para o banco dos réus quem realmente manda, que
é o poder econômico (o modelo econômico, que é escravagista, no caso
brasileiro).
Milhões de espanhóis, descontentes com o estado
atual do País (de desemprego generalizado, carências, estrangulamento do Estado
Social etc.) encheram suas praças públicas no dia 25.09.12 para protestar
contra as autoridades políticas, embora o causador do desastre econômico seja o
mundo econômico-financeiro. Os políticos são julgados continuamente enquanto o
poder econômico-financeiro fica na obscuridade, como se fosse a mão invisível
do mercado de que falava Adam Schmidt. A questão mais relevante é dirigir
nossos protestos contra os verdadeiros culpados pelo Estado de Mal-Estar, que
grande parte do mundo está vivendo.
*LFG – Jurista e professor. Fundador da Rede de
Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do
atualidadesdodireito.com.br. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de
Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Siga-me: www.professorlfg.com.br.
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