Recomendo esse excelente artigo do meu amigo Luiz Flávio Gomes
A fábrica
de encarceramento no Brasil está funcionando eficazmente. O Brasil continua
fechando escolas e abrindo presídios. Os últimos dados divulgados pelo DEPEN (Departamento
Penitenciário Nacional), referentes a junho deste ano, apontaram que
o Brasil fechou o primeiro semestre de 2012 com um total de 549.577
presos, um montante superior em 34.995 detentos em relação a dezembro de 2011(Veja:
Brasil fechou 2011 com
514.582 presos).
Assim, de acordo com os levantamentos realizados
pelo Instituto Avante Brasil, em apenas seis meses (dez./11 –
jun./12), a população carcerária brasileira cresceu 6,8%, percentual este
que representou o crescimento carcerário de todo um ano, quando olhamos para
2007 e 2008, por exemplo. Trata-se, portanto, de um crescimento muito
expressivo, sobretudo num lapso de seis meses. Esse crescimento sugere que
podemos fechar o ano de 2012 com um aumento total de 14%, maior taxa desde
2004.
O maior crescimento percentual anual do país se
deu entre os anos de 2002 e 2003 e até o momento não foi superado, já que
neste período, houve um estrondoso aumento de 28,8% na população carcerária
brasileira.
O crescimento no número de presos no Brasil é
espantoso. Na última década (2003/2012), houve um aumento de 78% no
montante de encarcerados do país. Se considerados os últimos 23
anos (1990/2012), o crescimento chega a 511%, sendo que no mesmo período toda a
população nacional aumentou apenas 30%.
Contudo, tantas prisões não têm sido capazes de
diminuir a criminalidade (o Brasil hoje é o 20º país que mais mata no mundo) nem tampouco de
deixar a população brasileira mais tranquila, já que a sensação de pânico e
insegurança é cada vez maior e a opinião pública clama por leis mais severas,
redução da maioridade penal etc. (Leia: Política brasileira errada não reduz violência).
Por outro lado, tantos aprisionamentos também não
têm evitado a reincidência nem tornado os encarcerados pessoas melhores, tendo
em vista as condições indignas e desumanas de sobrevivência nas unidades
prisionais (Veja:
Relatório do Mutirão
Carcerário 2010/2011). Diante desse cenário, surgem as indagações: O
que fundamenta e para onde está nos levando todo esse encarceramento massivo,
sobretudo de gente que não cometeu crime violento?
Com razão dizia o criminólogo norteamericano
Jeffery: “mais leis, mais penas, mais policiais, mais juízes, mais prisões,
significa mais presos, porém não necessariamente menos delitos. A eficaz
prevenção do crime não depende tanto da maior efetividade do controle social
formal (mais prisões), senão da melhor integração ou sincronização do controle
social formal (polícia, justiça, penitenciárias) com o informal (família,
escola, fábricas, religião etc.)” (veja García-Pablos e Gomes, Criminologia,
2010, p. 344). O Brasil é um exemplo de encarceramento massivo que diminui a
criminalidade nem a sensação de insegurança da população.
*LFG – Jurista e professor. Fundador da Rede de
Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do
atualidadesdodireito.com.br. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de
Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Estou no www.professorlfg.com.br.
**Colaborou: Mariana Cury Bunduky – Advogada, Pós
Graduanda em Direito Penal e Processual Penal e Pesquisadora do Instituto
Avante Brasil.
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