Além da necessidade
de investimento massivo em políticas públicas no setor, o mais importante para
esses dependentes é o acolhimento amoroso e dedicado de todos que o cercam,
desde a família, até os profissionais que estão encarregados de restaurar suas vidas!
Antoine de Saint-Exupéry:
“só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos!”
De lá para ca, muito foi prometido e
pouco foi executado. Por quê? Porque temas como ‘drogas’ e ‘dependentes
químicos de baixa renda’ nunca foram prioridade para nossos governantes. Não
temos tradição em políticas públicas preventivas de alcance à família e à escola.
Também nunca demos a devida importância aos programas de Restauração de Vidas.
Isso porque Governo e sociedade civil não acreditaram esse tipo de iniciativa.
A palavra ‘Restauração’ sempre foi um assunto restrito a objetos de arte e não
a seres humanos, mas também é perfeitamente possível restaurar pessoas.
Entretanto, é preciso dizer que é difícil, demorado e dispendioso, não arrecada
votos e requer investimento de tempo. Por certo, essas são as razões porque a
proposta de Restauração de Vidas sempre foi rechaçada pelos políticos,
juntamente com o aval dos cientistas.
É verdade que não há chás, comprimidos, injeções,
supositórios, acupuntura, choques, procedimentos psicológicos e psiquiátricos
que por si só sejam capazes de curar um dependente em substâncias psicoativas.
O discurso nessa área é polarizado entre o ponto de vista da Comunidade
Cientifica (CC) e o da Comunidade
Terapêutica (CT). A primeira sempre perseguindo a segunda porque é a Comunidade
Terapêutica, e não a Comunidade Cientifica, a pioneira a ser exitosa na área de
drogadição desde os idos da década de 60, quando nasceu a primeira Comunidade
Terapêutica no Brasil, mais precisamente na cidade de Goiânia-GO.
A Comunidade Terapêutica surgiu, a princípio, com
um apelo puramente religioso/espiritual e de amor incondicional ao ser humano.
Quando falo de espiritual, para ser mais precisa, estou me reportando ao poder
do Espírito Santo, que para os que crêem (que são a maioria em nossos país)
apenas o Espírito Santo tem condições de entrar e curar áreas da nossa alma,
compreendida por nossos pensamentos/emoções e sentimentos.De lá para ca, já se foi quase meio
século e a Comunidade Terapêutica nunca menosprezou nem banalizou o sofrimento
de seus pacientes, operacionalizando sempre com dedicação, respeito e
persistência. As CTs, na verdade, funcionam como um consultório/laboratório,
que por meio das experiências vivenciadas pelos líderes e suas equipes puderam
estudar os hábitos, costumes, sintomas/dores físicas, mentais, psicoemocionais
e espirituais dos seus alunos/pacientes e encontraram alternativas que somaram
para dignificar o ser humano. As CTs também incorporaram tudo o que há
disponível na ciência para trazer mais libertação e alívio aos seus pacientes.
Nesse meio tempo, a Comunidade Científica não
trouxe novidades, nem no campo farmacológico, pois continua objetivando manter
o domínio e a última palavra sobre o dependente químico. A única “mudança” foi
a substituição da camisa de força de pano pela camisa de força química. Outra
problemática na atuação das CCs é que elas consideram o dependente em SPA como
um doente incurável, afirmação que vem comprometendo o futuro de milhares de
pessoas. Quando digo a alguém que ele é um doente incurável, retiro dessa
pessoa e de sua família a esperança de um amanhã diferente.
Todo dependente é um doente, mas não incurável.
Todos podem ser curados, mas nem todos são curados, de fato. Para que isso seja
possível, é importante que se utilize a metodologia adequada. Outro fator
importante é o quanto de amor e tempo os pais, familiares e a equipe
multidisciplinar estão dispostos a investir na vida do dependente. Esse fato, sim, faz toda a
diferença!
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