LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e
coeditor do portal atualidades do direito. Estou no
luizflaviogomes@atualidadesdodireito.com.br
O que está por trás da
revolta popular contra a PEC 37 (que tenta afastar os promotores e procuradores
das investigações)? É a sensação de mais impunidade, sobretudo dos crimes
cometidos pelos poderosos (institucionais, econômicos ou financeiros).
É um erro sem precedente (no
campo das investigações criminais) não ver que todos os órgãos públicos
(polícia, Ministério Público, receita federal, Coaf, Banco Central etc.) devem
somar suas energias, não se dividir, diante do crime organizado S.A. Hoje há
sérios obstáculos para o Ministério Público presidir investigações por falta de
lei. No futuro, todos os esforços de todas as instituições devem ser somados,
porque é grande o desafio de combater o crime organizado privado ou
público-privado.
O final trágico e grotesco
da CPI do Cachoeira (arquivamento total em duas páginas) nos evidenciou
patentemente o quanto o poder público e os políticos estão conchavados (até o
último fio de cabelo) contra os interesses da nação.
No mundo da economia
submetida (em grande parte) ao crime organizado e à lavagem de capitais,
lavagem essa que é feita, sobretudo (mas não exclusivamente), por alguns bancos
norte-americanos e europeus (HSBC, Bank of America etc.), que internalizaram
(naturalizaram) seus procedimentos lucrativos por meio de métodos duvidosos ou
criminosos, tornou-se difícil distinguir o que é ganho lícito do que é ganho
ilícito.
Tudo está se mimetizando
(mesclando), diariamente. Tudo que se ganha com o tráfico de drogas, de armas
ou de seres humanos ou com sua lavagem se mescla com ganhos lícitos, o que
dificulta sobremaneira a atuação da justiça arcaica, com seus velhos
procedimentos esfarrapados.
Está fazendo muita falta a
exemplaridade, sobretudo dos políticos e dos agentes econômico-financeiros, que
valeria como guia para o comportamento de todos os demais seres humanos, que
andam descrentes com o seu futuro, diante de tanta destrutividade (da natureza,
dos seres humanos, dos orçamentos públicos, das instituições, da confiança
nelas etc.).
Não sejamos, portanto,
idiotas, no sentido grego. Idiótes (em grego) é aquele que só vive sua vida
privada, que não aceita qualquer tipo de participação na política (no governo
da cidade) (cf. Cortella e Janine Ribeiro, Política para não ser idiota).
Os protestos, que estão sacudindo o Brasil e
surpreendendo os poderes constituídos, estão também contrariando nosso senso
comum, de que a participação na vida pública seria inútil ou perniciosa (seria
algo que não vale a pena). Muita gente afirma que idiotice é querer participar
da vida política do seu município ou estado ou país. Os escândalos e os desmandos
gerados pelos nossos atuais políticos (ressalvadas as exceções), em lugar de
nos desestimular, ao contrário, estão servindo de combustível para uma nova
postura ativa, contra toda essa situação marcada pela falta de confiança.
Avante Brasil!
Nenhum comentário:
Postar um comentário